sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Texto preparado pelo Padre Adilson

Segue abaixo um texto que nosso Pároco preparou sobre a catequese, espero que todos aproveitem o material!:

Formação de Catequista de 2011
Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.” Jo 15,15

NATUREZA DA CATEQUESE
39.  A catequese é, em primeiro lugar, uma ação eclesial: a igreja transmite a fé que ela mesma vive, e o catequista é um porta-voz da comunidade e não de uma doutrina pessoal (cf. CR 145). Ela transmite o tesouro da fé (traditio) que, uma vez recebido, vivido e crescido no coração do catequizando, enriquece a própria igreja (redditio).
 Ela, ao transmitir a fé, gera filhos pela ação do Espírito Santo e os educa maternalmente (cf. DGC 78-79). A catequese faz parte do ministério da palavra e do profetismo eclesial. O catequista é um autêntico profeta, pois  pronuncia a palavra de Deus, na força do Espírito Santo, fiel à pedagogia divina, a catequese ilumina e revela o sentido da vida.
Em sua origem, o termo catequese  diz respeito à proclamação da Palavra: termo se liga a um verbo que significa fazer ecoar (Kat-ekhéo). De fato, a catequese tem por objetivo último fazer escutar e repercutir a Palavra de Deus (CR31)
João Paulo II dá a noção mais completa quando diz que a catequese é uma educação da fé as crianças, dos jovens e dos adultos , a qual compreenda especialmente um ensino da doutrina cristã, dado em geral de maneira orgânica e sistemática, com o fim de os iniciar na plenitude da vida cristã. (CT 18)
CARACTERSTICAS DA CATEQUESE
40.  A catequese possui algumas características fundamentais:
a)  ser um aprendizado dinâmico da vida cristã, uma iniciação integral que favoreça o seguimento de Jesus Cristo;
b)  fornecer uma formação de base essencial, centrada naquilo que constitui o núcleo da experiência cristã (a fé, a celebração e a vivência da páscoa de Jesus), lançando os fundamentos do edifício  espiritual do cristão (cf. 1Cor 3,10-18; is 28,16; 1Pd 2,4; 2Cor 6,16);
c)  possibilitar a incorporação na comunidade cristã: nela, a catequese vai além do ensino, põe em prática a dinâmica do encontro com Jesus Cristo vivo e da experiência do Evangelho, celebra e alimenta a fé nas celebrações e na liturgia;
d)  proporcionar formação orgânica e sistemática da fé;
e)  desenvolver o compromisso missionário, inerente à ação do Espírito Santo, para o estabelecimento do reino de Deus no coração das pessoas, em suas relações interpessoais e na organização da sociedade;
f)  fomentar o diálogo com outras experiências eclesiais (ecumenismo), religiosas (diálogo in-
ter-religioso) e com o mundo, testemunhando a convivência fraterna com o diferente;
g)  despertar o compromisso com a ação socio-transformadora à luz da palavra de Deus e dos ensinamentos da igreja.
41. por ser educação orgânica e sistemática da fé, a catequese se concentra naquilo que é comum para o cristão, educa para a vida de comunidade, celebra e testemunha o compromisso com Jesus. Ela exerce, portanto, ao mesmo tempo, as tarefas de iniciação, educação e instrução (cf. DGC 68). É um processo de educação gradual e progressivo, respeitando os ritmos de crescimento de cada um.
42.  A catequese possui forte dimensão antropológica. E, por isso, ela precisa assumir as angústias e esperanças das pessoas, para oferecer-lhes as possibilidades da libertação plena trazida por Jesus Cristo. Nessa perspectiva, as situações históricas e as aspirações autenticamente humanas são parte indispensável do conteúdo da catequese. Elas devem ser interpretadas seriamente, dentro de seu contexto, a partir das experiências vivenciais do  povo de Israel, à luz de Cristo e na comunidade eclesial, na qual o Espírito de Cristo ressuscitado vive e opera continuamente (cf. Medellín, Cat. 6; CR 70, 116).
2.2. A Palavra de Deus, fundamento da catequese
A Sagrada Escritura e a Tradição são as fontes da catequese.
A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo (cf. DV 9). A Sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos para que, sob a luz do Espírito da Verdade, eles por sua pregação fielmente a conservem, exponham e difundam; resulta assim que não é através da Escritura apenas que a igreja deriva sua certeza a respeito de tudo o que revelado (cf. DV 9). “A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só sagrado depósito da  palavra de Deus, confiado à Igreja” (DV 10, 1). O ofício de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da  igreja, cuja autoridade, exercida em nome de Jesus Cristo, não está acima da Deus na Sagrada Escritura falou através de homens e mulheres, e de modo humano. A catequese tem como tarefa proporcionar a todos o entendimento claro e profundo de tudo o que Deus nos quis transmitir: investigar com seriedade e entender o que os escritores sagrados escreveram para manifestar o que Deus nos quer falar. É importante conhecer as circunstâncias, o tempo, a cultura, os modos de se expressar para comunicar. O mais importante para esse entendimento da palavra de Deus e sua vivência é ler a Sagrada Escritura naquele mesmo Espírito em que foi escrita: é o Espírito Santo quem ajuda a apreender com exatidão o sentido dos textos sagrados e seu conteúdo (cf. DV 12).
27.  A catequese é um dos meios pelos quais Deus continua hoje a se manifestar às pessoas. Ela atualiza a revelação acontecida no passado. O catequista experimenta a palavra de Deus em sua boca, à medida que, servindo-se da Sagrada Escritura e dos ensinamentos da igreja, vivendo e testemunhando sua fé na comunidade e no mundo, transmite para seus irmãos essa experiência de Deus. “A fidelidade a Deus se expressa na catequese como fidelidade à palavra outorgada em Jesus Cristo. O catequista não prega a si mesmo, mas a Jesus Cristo, sendo fiel à palavra e à integridade de sua mensagem” (P 954). Ele é também um profeta, pois faz ecoar a palavra de Deus na comunidade, tornando-a compreensível. Catequese (katá-ekhein, em grego) significa ressoar; a igreja dá-lhe o sentido de ressoar a Palavra de Deus hoje (cf. CR 31)
4.3. Finalidade da catequese
43.  A finalidade da catequese é aprofundar o primeiro anúncio do Evangelho (Querigma): levar o catequizando a conhecer, acolher, celebrar e vivenciar o mistério de  Deus , manifestado em Jesus Cristo, que nos revela o pai e nos envia o Espírito Santo. Conduz à entrega do coração a Deus, à comunhão com a igreja, corpo de Cristo (cf. DGC 80-81; Catecismo 426-429), e à participação em sua missão.
44.  A dimensão eclesial é essencial à fé cristã (cf. LG 9): cada batizado professa individualmente a fé, explicitada no Credo apostólico chamado “Símbolo”, pois manifesta a identidade de nosso compromisso cristão. Mas cada um recebe, professa, alimenta  e vive essa fé na igreja e através dela. “O Creio e o Cremos se implicam mutuamente. Ao fundir a sua confissão com a confissão da Igreja, o cristão  é incorporado à sua missão:  ser sacramento de Salvação para a vida do mundo. quem proclama a profissão de fé assume compromissos que, não poucas vezes, atrairão a perseguição. Na história cristã, os mártires são os anunciadores e as testemunhas por excelência” (DGC 83).

A Autenticidade da Catequese
A catequese  só será autentica, se ao mesmo tempo , observa a fidelidade a Deus , à Igreja e ao homem.
Fidelidade a Deus:  o catequista não anuncia a si mesmo, mas a Jesus Cristo sendo fiel à sua Palavra e à integridade de sua mensagem. A catequese deve se guiar pela revelação assim como a transmite o magistério da Igreja ( Papa e os bispo em comunhão com o mesmo).
Fidelidade à Igreja: A presença de Jesus na história é inseparavelmente da presença da Igreja que a evangeliza (CR 203). A Igreja é o sacramento de salvação. Quem rejeita a Igreja, também rejeita a Cristo. O catequista que vai em missão em nome de Cristo sabe que ele, com seu trabalho, está continuamente a edificar a comunidade e a transmitir a imagem da Igreja.
Fidelidade ao Homem
Como a salvação de Jesus Cristo atingiu o homem na sua realidade concreta, a catequese deve iluminar com a Palavra de Deus as situações humanas e os acontecimentos da vida para neles fazer descobrir a presença ou ausência de Deus.
4.5. A comunidade: fonte, lugar e meta da catequese
51.  Jesus deixou na história uma comunidade viva, a Igreja, para dar continuidade à sua missão salvífica. Paulo a define como “uma carta de Cristo, redigida por nosso intermédio, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, os corações!” (2Cor 3,3). A comunidade eclesial conserva a memória  de Jesus, suas palavras e gestos, particularmente os sacramentos, a oração, o compromisso com o reino, a opção pelos pobres. Nela se originam diferentes modelos de santidade, espiritualidade, transformação cristã da civilização e da cultura (cf. CR 57-58). Por isso, o lugar ou ambiente normal da catequese é a comunidade eclesial. Onde há uma verdadeira comunidade cristã, ela se torna uma fonte viva da catequese, pois a fé não é uma teoria, mas uma realidade vivida pelos membros da comunidade. Nesse sentido ela é o verdadeiro  audiovisual da catequese. por outro lado, ao educar para viver a fé em comunidade, esta se torna, também, uma das metas da catequese. O verdadeiro ideal da catequese é desenvolver o processo da educação da fé, através da interação de três elementos: o catequizando, a caminhada da comunidade e a mensagem evangélica (cf. CR iV parte; cf. abaixo 155 e 185). quando não há comunidade, os catequistas, obviamente, ajudam a construí-la (cf. CR 311-316).
A quem compete a catequese?
Toda a Igreja é responsável pela transmissão da Palavra de Deus. Os membros da Igreja têm responsabilidade diferentes de acordo com a missão que desempenham dentro do Corpo de Cristo. Em primeiro lugar ao Papa e os bispos, Padres, religiosos e religiosas e por fim os leigos.
4.6. Tarefas da catequese
53.  Em virtude de sua própria dinâmica interna, a fé precisa ser  conhecida, celebrada, vivida e cultivada na oração. E como ela deve ser vivida em comunidade e anunciada na missão, precisa ser compartilhada,  testemunhada e  anunciada. A catequese tem, portanto, as seguintes tarefas (cf. DGC 85-87):
a)  Conhecimento da fé: a catequese introduz o cristão no conhecimento do próprio Jesus, das Escrituras Sagradas, da igreja, da Tradição e das fórmulas da fé, particularmente do Credo Apostólico. E, nesse sentido, as fórmulas doutrinais ajudam no aprofundamento do mistério cristão: é a dimensão doutrinal da catequese.
b)  Iniciação litúrgica: para realizar a sua obra salvífica, Cristo está presente em sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas (SC 7). É tarefa da catequese introduzir no significado e participação ativa, interna e externa, consciente, plena e frutuosa dos mistérios (sacramentos), celebrações, sinais, símbolos, ritos, orações e outras formas litúrgicas. Na catequese primitiva era importante essa introdução no sentido pleno dos sinais e símbolos litúrgicos (mistagogia). Além do mais, a liturgia, por sua própria natureza, possui uma dimensão catequética. A catequese deve ser realizada em harmonia com o ano litúrgico.
c)  Formação moral: uma tarefa importante da catequese é educar a consciência, atitudes, espírito e projeto de vida segundo Jesus. As bem-aventuranças e os mandamentos, lidos e praticados à luz do Evangelho, e com suas conseqüências éticas e morais, tanto pessoais como sociais, fazem parte do conteúdo essencial da educação para as atitudes cristãs, como discípulos e discípulas de Jesus Cristo (cf. Mt 5,3-12; Ex 19; Dt 5,6-21; Mt 25,31-46). A formação para o sacramento da penitência contribui para a formação moral. A coerência da vida dos cristãos com sua fé é sinal de eficácia da evangelização. Somente essa coerência poderá evitar os desvios do materialismo, consumismo, hedonismo e relativismo, e superar as “estruturas geradoras de injustiças” e outras formas impostas a um povo de tradição cristã. É preciso mostrar que a religião, especialmente o cristianismo, é fermento de libertação da pessoa e de transformação da sociedade (cf. DGAE 193).
d) Vida de oração: cabe à catequese ensinar a rezar por, com e em Cristo, com os mesmos sentimentos e disposições com os quais Ele se dirige ao pai: adoração, louvor, agradecimento, confiança, súplica, contemplação. O Pai-Nosso é o modelo acabado da oração cristã (cf. lc 11,1-4; Mt 6,9-13). O catecumenato, conforme o RICA, prevê a entrega do livro da Palavra de Deus, do Credo e do Pai-Nosso. A vida cristã atinge mais profundidade se é permeada por um clima de oração, que tem seu cume na liturgia. A catequese torna-se estéril e infrutífera se reduzida a um simples estudo ou mera reflexão doutrinal.
e)  Vida comunitária: se a fé pode ser vivida em plenitude somente dentro da comunidade eclesial, é necessário que a catequese cuide com carinho dessa dimensão. Os evangelhos ensinam algumas atitudes importantes para a vida comunitária: simplicidade e humildade, solicitude pelos pequenos, atenção para os que erram ou se afastam, correção fraterna, oração em comum, amor fraterno, partilha de bens (cf. At 2,42-47; 4,32-35). O ecumenismo e o diálogo inter-religioso também fazem parte dessa educação para a vivência em comunidade.
f)  Testemunho: a missão do cristão é levar, à sociedade de hoje, a certeza de que a verdade sobre o ser humano só se revela plenamente no mistério do Verbo encarnado. O testemunho de santidade tornará esse anúncio plenamente digno de fé (DGAE 81).
g) Missão: o verdadeiro discípulo de Jesus é missionário do reino. “As comunidades eclesiais tenham viva consciência de que ‘aquilo que uma vez foi pregado pelo Senhor’ deve ser proclamado e espalhado até os confins da terra” (DGAE 25). Não há, portanto, autêntica catequese sem iniciação à missão, inclusive além-fronteiras, como parte essencial da vocação cristã.
Quem é o catequista?
Um operário de Cristo e administrador dos mistérios de Deus. Ora tudo o que se exige dos administradores é que sejam fiéis (1Cor 4,1-2)
O catequista é um autêntico profeta, pois  pronuncia a palavra de Deus, na força do Espírito Santo, fiel à pedagogia divina, a catequese ilumina e revela o sentido da vida.



Psicologia das Idades!!!!!


PSICOLOGIA DA CRIANÇA


* Será importante para nós Catequistas, conhecer a criança?
 * Qual o objectivo da Catequese da Infância?

O objectivo essencial da catequese da infância é que a criança se relacione com Deus e O encontre no que faz em cada dia. Que ela intua, experimente, se encontre e se deixe encontrar por Ele, entre em relação com Ele.

Para isso é-nos pedido:

                         - Um conhecimento da criança;
- Conhecimento da realidade humana e do meio;
- Conhecimento dos seus interesses e períodos sensíveis.

Um conhecimento da criança para entrarmos no seu mistério...
Conhecimento da realidade humana e do meio em que se desenvolve.
Conhecimento dos seus interesses e períodos sensíveis, etc.
Há portanto, que conhecer a criança, os seus interesses, desejos, necessidades profundas e experiências fundamentais, para que seja possível educar na Fé.


Uma criança é:

Um ser pessoal e social, um ser único e com características comuns às outras crianças. É um ser em crescimento, em evolução, e é essa evolução que a distingue do adulto.

 Desenvolvimento do ser humano ao longo da Infância:

Fases, Etapas, Infâncias Ou Períodos Etários:

1ª Fase – 0 - 3 anos
2ª Fase – 4 - 6 anos
3ª Fase – 7 - 9 - 10
Infância adulta – 11- 12 anos.


1ª Fase -  0 AOS 3 ANOS

Idade das Descobertas

Descobre :     
* o seu próprio corpo…
* Que é capaz de articular as palavras… falar…
* A noção do espaço…
* Que tem uma vontade própria

Características desta Fase:
* Egocentrismo
* Necessidade vital de carinho… Amor…
* Necessidade vital de movimento

1ª FASE - DOS 0 AOS 3 ANOS

Esta Fase é a idade das primeiras descobertas. A criança descobre o mundo que a rodeia... a noção de espaço..., que é capaz de articular palavras, etc., etc. ... O nascimento é logo o primeiro passo para a autonomia. Durante os primeiros tempos a criança identifica-se com as coisas e com as pessoas. Ela e a mãe são a mesma coisa... ela e as coisas...

Pelos 4 meses, começa a observar, a pegar... descobre primeiro o seu próprio corpo, morde os dedinhos... porque gosta de sentir que aquele corpinho lhe pertence. É por isso que quando nos aproximamos dela, imediatamente tira a sua mãozinha da boca e morde-nos com força, porque se dá conta que é diferente.

Descobre o espaço que a rodeia - começa a perceber que as pessoas se movem e que, para obter algo, terá de se deslocar. E faz a experiência; quando consegue, pela primeira vez, chegar sozinha onde quer, ainda não está a pegar no objecto e já olha para trás sorrindo, como que a dizer “cheguei onde queria...”

Descobre ainda que é capaz de articular as palavras; experimenta mexendo a língua, emitindo sons, etc.; no dia em que consegue dizer uma palavra igual à  que a mãe disse, vai repeti-la muitas vezes. Normalmente a criança começa a falar pela metade do 2º ano de vida.

Pelos 3 anos faz a grande descoberta: descobre que tem uma vontade e vai mostrar que fez a descoberta “contrariando” as pessoas crescidas. Não é teimosia, é uma característica própria da criança desta idade...

Nem contrariar sistematicamente, nem deixar que a criança faça tudo o que lhe apetecer! Ela precisa de encontrar “obstáculo” à sua vontade para se afirmar e desenvolver.

Principais características da criança nesta idade:

Egocentrismo:  a criança pensa mais em si do que nos outros... só compreende o que se relaciona consigo... dá cá... é meu... anda cá... etc.
Não é defeito, é qualidade... faz-se o centro do mundo e das atenções. E, quando não consegue chamar a atenção a bem, vai fazer um disparate para o conseguir.

Necessidade vital de afecto e carinho: a criança tem mais necessidade disso do que de pão. Da falta de carinho, resultam perturbações graves que vão afectar a pessoa, talvez para toda a vida. Quantas pessoas existem tremendamente marcadas por isto? Quantas vidas desfeitas? Criticamos por vezes o desvario da nossa juventude, etc., etc. ... Não estará na base de tudo isso uma falta de carinho? Todas as necessidades próprias de uma criança, quando esta não as satisfez na devida altura, vai procurar satisfazê-las na primeira oportunidade que tiver, e jamais se sentirá satisfeita.

Porquê a não-aceitação de um irmão que nasce? Porque esse irmão lhe vem tirar um lugar que era dela. Então vêm as birras e tudo o mais que contribua para chamar a atenção para quem “se sente” substituído... A criança prefere que lhe dêem uma “sova”, do que não lhe liguem importância: “já que não me amam, pelo menos hão-de odiar-me”... É a maior carência do nosso tempo.

Os pais não têm tempo para os filhos, para os ouvir, para brincar com eles, para "estar" com eles... Depois aparecem as queixas e as lamentações. Só recolheremos o que tivermos semeado. A criança deixa-se moldar como a cera, diz alguém, mas só se deixa moldar quando se sente amada. E, quem não ama, não educa.

Necessidade vital de movimento: A criança não pode estar sossegada muito tempo. Ela tem de mexer, de pegar, de partir, de fazer... Há pessoas traumatizadas, que não são capazes de nada só porque em crianças tiveram uma mãe ou educadora que continuamente dizia: "está sossegada, sai daí, anda para aqui, não mexas, não pegues, não sujes..." A crian­ça tem necessidade de movimentos livres, de espaço para brincar, de coisas que possa manejar à vontade.

Ligada a esta necessidade vital de movimento está o que nós chamamos: " valor relativo do tempo". O tempo para a criança não tem a mesma dura­ção que para o adulto. Uma hora para ela é o mesmo que três ou mais ho­ras para mim. Ela vive mais intensamente nessa hora do que eu em 3 ou 4 horas. "Consequências na família e na catequese..."

2ª FASE : 4 - 6 ANOS

Continua, marcada pelas características da primeira infância. A percepção é global, desenvolve-se a memória, mas não distingue a realidade da imaginação…

                Características:

* Animismo (empresta vida ao que é inanimado…)
* Gosta de ser grande…
* É instável
* Não distingue a realidade da imaginação (Inventa – histórias)
* Valor relativo do tempo… (diferenças na noção de tempo…)
* Desperta a consciência psicológica – Moral - (Já não precisa  que lhe digam se fez mal ou bem…)
* Começa a idade da razão…
* Despertar do sentido religioso

Transforma tudo à sua imagem. As coisas paradas têm vida... (animismo) fala com as coisas... projecta-se nelas. Daqui o gosto pelas histórias. Ela inventa.., conta... Diz coisas que, para nós, seriam mentira. Para a criança são verdades na medida em que ela as cria e as vê assim.


- Gosta de ser grande - “Eu já sou grande...”
- Instável - tanto gosta como não gosta, etc.

6 anos: aproxima-se a idade da razão. Desperta o que chamamos consciência moral ou consciência psicológica. Para a criança o bem e o mal é aquilo que os educadores aprovam ou reprovam (cuidado com a nossa actuação, no sentido de formarmos ou deformarmos a consciência da criança). Começa a distinguir a realidade da imaginação.


3ª FASE: 7 - 9  /  9 - 12

         Características desta Fase:

* Distingue a realidade da imaginação…
* Aparecimento do sentido crítico
* Gosto por descobrir coisas novas
* Quer saber os “quês “ e os “ porquês” das coisas
* Desperta a consciência psicológica… Moral…

  9 anos – tempo de crise:

* Pensamento lógico e concreto
* Idade da Objectividade e realismo
* Socialização (o egocentrismo dá lugar à socialização)
* Resfriamento da afectividade
* Só acredita no que vê…
* Autonomia do juízo moral
* Idade da memorização
* A contemplação dá lugar à acção…



Necessidades primárias nestas idades:

Relação pessoal / Segurança / Actividade /

Dos 7 aos 12 anos é a chamada idade da razão - a criança torna-se mais consciente. Aqui temos de distinguir entre o período 7-9 e 9-12 anos... A criança é diferente em cada um desses períodos. Aos 7 anos a criança está em crise (assim como aos 3 anos).
Este tempo de crise é sempre difícil, é uma “passagem” de uma idade para a outra. É tempo de transição. Até aí, ela era uma no meio dos irmãos... agora sente-se perdida no meio do grupo da escola. Se tiver frequentado um Jardim-de-infância a crise será bem mais fácil porque a adaptação já foi feita anteriormente.

O Egocentrismo dá lugar à sociabilidade. A criança, pelos 8/9 anos descobre o sentido social (já antes...) vira-se para fora, para o grupo, para os colegas, para o outro.

A contemplação dá lugar à acção. É idade escolar, a idade de decorar, do “querer saber” não os “quês” mas os “porquês” das coisas. Aqui já podemos falar de “responsabilidade moral” e de uma vida espiritual mais pessoal.

Pelos 9 anos a criança torna-se difícil, não acredita facilmente no que lhe dizemos. Há um forte “resfriamento” na afectividade, consequência da descoberta dos defeitos dos educadores (e não só), já não quer ser criança, nem que a andem a beijar e a apaparicar...

Aqui, o ensino tem de ser muito concreto, seguro e claro. Há que educar ou formar a inteligência. O Escutismo, por exemplo, é uma oportunidade maravilhosa nesta idade para a criança se doar, pensar nos outros, servir, etc.. Ela é materialista, activa... Daqui a necessidade de uma catequese viva e activa e de “experiências” ou “vivências” de Fé muito profundas. Aqui, mais o testemunho do que as palavras.
A partir dos 10 anos a criança está mais calma… como que descansando, para entrar na grande crise da Adolescência.

Para estas idades, que Catequese?

1ª Fase: Através das atitudes religiosas dos educadores…                 ( Despertar religioso )

 2ª Fase: Catequese ocasional… aproveitar as ocasiões

 3ª Fase: » Catequese activa
» Sistemática
» Da experiência
» Menos palavras
» Mais testemunho...



Será possível fazer catequese durante a primeira infância? Sim.

Nesta fase a catequese é feita através das atitudes religiosas dos educadores. Ex: “os pais em oração...  um beijo ao Jesus.., etc., etc.”.

Na segunda infância será já uma “catequese ocasional”...É por isso que o objectivo da catequese nesta idade é que a criança se relacione com o Senhor e 0 encontre em tudo aquilo que vê e faz em cada dia. É uma catequese de “descoberta”. Temos de a preparar para “o religioso” despertando nela todos os valores humanos... lançando os alicerces para uma Fé pessoal. Aqui, mais do que “catequese” é um “despertar” religioso, pois é nesse terreno que a Fé vai germinar e crescer.
Ex: ela, gosta de ser grande... de quem gosta dela... etc., etc. Vou dizer-lhe que Deus é grande... que gosta dela... etc. Vamos fazê-la descobrir que o mais importante é a relação entre as pessoas, e que tudo o mais é para fa­zer essa relação.

Depois, aos 7/9 anos - há  já que dar uma visão global da Mensagem à maneira da criança. Ela tem sede de aprender, de saber. (Não esquecer o despertar da consciência moral com todas as suas exigências e consequências).

Aos 9 anos a Fé já precisa de ser solidamente alicerçada... que eles sin­tam já que a Fé tem de ser alicerçada na vida.
Mais do que conhecimentos racionais e doutrinais, a acção catequética com crianças aponta (ou deve apontar) para o Encontro com a Pessoa de Jesus Cristo, à conversão do coração, à mudança de atitudes, a uma verdadeira relação pessoal com Deus. (isto pelos 9/12 anos)

Resumindo:

Principais diferenças entre a criança e o adulto

- Valor relativo do tempo
- necessidade vital de movimento, atenção, carinho

Factores que influenciam o comportamento da criança

- Hereditariedade
- Meio ambiente

 Necessidades primária na criança

- Relação pessoal
- Segurança
- Actividade
-Protagonismo

A criança é uma riqueza que temos nas mãos. Merece todo o nosso respeito e competência.
Ter em conta as chamadas “Crises”
As crises são necessárias para o desenvolvimento da pessoa. São condições de progresso, ocasiões de grandes aquisições. O desenvolvimento é mais rápido e mais profundo, originando por vezes uma grande confusão... há que ajudar a criança a vencer essas crises com calma, pois ao contrário resultarão em complexos que a marcarão para toda a vida.

Pré-Adolescência – Adolescência


Nos nossos dias, a maioria dos psicólogos distingue:

                      Pré-Adolescência – 12-13 ; 13-14 Anos
Adolescência – 14-15; 15-16 Anos.
Grande adolescência – 16-17 Anos

- Pré-Adolescência (12-13 anos) que pode durar, segundo os casos, de seis meses a dois/três anos. Desponta aos 11-12 anos nas raparigas e cerca de um ano mais tarde nos rapazes (13). Nesta altura da vida há que fazer uma certa distinção entre rapariga e rapaz porque as respectivas evoluções têm um ritmo diferente (mais lento no rapaz) e características diferenciadas.

Situação actual e desafios… ( DGA 182)

"A Igreja vê os Adolescentes como "esperança", mas, por outro lado também os sente como um grande desafio para o futuro da própria Igreja." (DGC 182)



Situações que desafiam os Educadores da Fé:

» O novo tipo de homem…
» As transformações operadas no seu interior
» Transformação acelerada cultural e social
» Comunicação social que abafa
» A nova hierarquia de valores
» A nova linguagem – Vocabulário
» A busca desenfreada do prazer imediato
» Uma sociedade de consumo que tudo oferece…
» Um mundo violento, injusto, instalado, egoísta…
» A crise espiritual – Fuga ao transcendente…

Temos de ter em conta que "a CRISE espiritual e cultural que oprime o mundo" faz as suas primeiras vítimas entre as gerações mais novas, mas também é verdade que é nelas que encontra as suas melhores esperanças.



Diferenças entre a Infância e a Adolescência

CRIANÇA
ADOLESCENTE
Conservadora
Revolucionário
Tradicionalista
Inovador
Pouco inventiva
Inventivo
Imita os mais velhos
Imita os mais novos
Respeita as regras
Procura criar regras
Aceita as realidades
Protesta contra elas


O Adolescente de hoje, foi "apanhado" pela rápida e tumultuosa transformação cultural e social, pelas pressões de uma sociedade de consumo, materialista, instalada, etc., etc.

Na adolescência a vida “atrai e perturba” o Adolescente, com uma grande violência que não é avaliada com rigor por muita gente.

Durante este período, o Adolescente sofre e sente grandes transformações de crescimento, por vezes tão radicais que quase parecem uma verdadeira substituição.
Há psicólogos que chamam à Adolescência "Um Novo Nascimento" - idade em que acordam nas pessoas todas as marcas hereditárias.

Características:

Idade de: - Ruptura…, Crise…, Mudança…

a)     Procura de identidade

» Quer saber quem é e qual o sentido da sua vida
» Deseja relacionar-se profundamente com os  outros
» Procura “ modelos” de identificação ( Herói…)
» Busca de autonomia pessoal, mas sente-se confuso.
» Sente-se confuso, carente e inseguro ( P/ refúgios…)
» Vê no grupo o espaço do “EU” com o seu ideal, como fonte de valores e segurança. O grupo inicia uma vida social.

b)      Idade de mudança:

FISICAMENTE:

» Inicia uma transformação corporal e sexual.
» Perda de harmonia interior e exterior.
» Turbulência – sentimentos de culpa.

PSICOLOGICAMENTE:

» Tem início a passagem do pensamento lógico ao formal
» Prefere a análise à constatação… (pode pensar por seus próprios pensamentos)
» Desenvolve-se a capacidade imaginativa
» Torna-se criador nato – idealista, confiante… arrogante…
» Volta-se para si mesmo – só tem valor os seus próprios juízos.







AFECTIVAMENTE:

» Tem grande necessidade de amar e de se sentir amado
» É emotivo – entrega-se… mas é inconstante…
» É caprichoso, instável e bloqueado por medos.

MORALMENTE:

» Reforça-se o sentido da responsabilidade – capacidade de opção
» Procura com intensidade encontrar valores e pessoas concretas que os vivam…
» O pecado é experimentado numa perspectiva legalista
» É condescendente consigo e intransigente com os outros


RELIGIOSAMENTE:

» Vive um tempo de crise… dúvidas… interrogações…ambiguidades, críticas… recusa da prática religiosa quando imposta e não assimilada
» Deus é, para ele, força, poder, apoio, refúgio… é mais meio do que fim…
» É ritualista. (Reza e participa nos sacramentos, mais em função da tranquilidade e segurança do que como expressão de Fé)
» Deus vai deixando de ser algo para ser Alguém…
» Já não armazena ideias sobre Deus…” experimenta-O”
» Nasce uma forma nova de viver e de se relacionar com o seu Senhor.


A CATEQUESE terá de ser uma Catequese:

- Incarnada na realidade do Adolescente
- Capaz de provocar uma ruptura...
- Que aceite o risco...
- Livre e libertadora
- Original e criativa
- De carácter dialogal
- Geradora de compromisso
- Profética
- Espontânea

A Catequese da Adolescência tem em conta a Pedagogia Activa e não esquece a importância do Grupo.

 A IVª FASE dos catecismos actuais é:

Fase de “ Personalização da Fé” “ Maturação e estruturação da personalidade “.

Na V FASE:

Fase de Síntese de Fé e de compromisso cristão em  Igreja, e no mundo.

Nesta idade, há tendência para adoptar comportamentos religiosos de carácter radical...
A Catequese tem pois de proporcionar um dinamismo espiritual e religioso que implique compromisso pessoal e tomada de posições.

A Adolescência é pois uma etapa da vida do homem querida por Deus criador, cujas tendências foram inscritas na natureza humana pelo próprio Criador.
Daqui a necessidade sentida pela Catequese de ajudar na descoberta de que o Cristianismo é Vida, Alegria, Liberdade, suprema promoção do homem para realizar a glória de Deus em Cristo. Tudo isto à luz do Mistério Pascal, pois ele é a síntese e o cume do cristianismo.
Trata-se de descobrir o verdadeiro sentido da presença salvadora do Deus Vivo, de Jesus Cristo como Senhor, do sentido da Igreja Comunidade de Amor...







DIRETÓRIO GERAL PARA A CATEQUESE
Puberdade, adolescência e juventude
181. Em termos gerais, é preciso observar que a crise espiritual e cultural que oprime o mundo (133) faz as suas primeiras vítimas nas jovens gerações. Assim como é verdade que o empenho em favor de uma sociedade melhor encontra nestas as suas melhores esperanças.
Isso deve estimular ainda mais a Igreja a realizar, corajosamente e criativamente, o anúncio do Evangelho ao mundo juvenil.
A propósito, a experiência sugere o quanto seja útil para a catequese distinguir, na idade juvenil, a puberdade, a adolescência e a juventude, valendo-se oportunamente dos resultados da pesquisa científica e das condições de vida nos diversos países. Nas regiões mais desenvolvidas, é particularmente sentida a questão da puberdade: não se leva em consideração o bastante as dificuldades, as necessidades e os recursos humanos e espirituais dos pré-adolescentes, tanto que, em relação a eles, se pode falar de idade negada.
Tantíssimas vezes, nesse período, o menino e a menina, recebendo o sacramento da Crisma, conclui o processo da iniciação cristã mas, ao mesmo tempo, distancia-se totalmente da prática da fé. É preciso levar seriamente em consideração tal fato, desenvolvendo um específico cuidado pastoral, valendo-se dos recursos formativos fornecidos pelo próprio caminho da iniciação.
No que diz respeito às outras duas categorias, é útil distinguir a adolescência da juventude, embora na consciência de que é difícil definir, de maneira unívoca, o significado das mesmas. Globalmente, aqui se compreende aquele período da vida que antecede a assunção das responsabilidades próprias dos adultos.
Também a catequese ao mundo juvenil deve ser profundamente revista e potencializada.

«CATECHESI TRADENDAE»
Adolescentes
38. Depois chega a fase da puberdade e da adolescência, com o que esta idade representa de grande e de arriscado. É o tempo da descoberta de si mesmo e do próprio mundo interior; o tempo dos planos generosos; o tempo do desabrochar do sentimento do amor, com os impulsos biológicos da sexualidade; o tempo do desejo de estar junto com os outros; o tempo de uma alegria particularmente intensa, ligada à inebriante descoberta da vida. Muitas vezes, porém, é simultaneamente a idade das interrogações mais profundas; das indagações angustiadas ou mesmo frustrantes; de certa desconfiança em relação aos outros, acompanhada do debruçar-se sobre si mesmo fechando-se; é a idade, por vezes, dos primeiros fracassos e das primeiras amarguras. Ora a catequese não pode ignorar tais aspectos facilmente variáveis deste delicado período da vida. Uma catequese capaz de levar o adolescente a uma revisão da sua própria vida e ao diálogo, uma catequese que não ignore os seus grandes problemas — o dom de si, a crença, o amor e sua mediação que é a sexualidade — poderá ser decisiva. A apresentação de Jesus Cristo como amigo, como guia, como modelo ideal capaz de provocar admiração e arrastar à imitação; depois, a apresentação da sua mensagem de molde a poder dar resposta aos problemas fundamentais; finalmente, a apresentação do desígnio de amor de Cristo Salvador, como encarnação do único amor verdadeiro com possibilidade de unir entre si os homens: tudo isto poderá proporcionar a base para uma autêntica educação na fé. Mas hão-de ser sobretudo os mistérios da Paixão e Morte de Jesus, aos quais São Paulo atribui o mérito da sua gloriosa Ressurreição, que mais poderão dizer à consciência e ao coração dos adolescentes e projectar luz sobre os seus primeiros sofrimentos e sobre os do mundo que eles estão a descobrir.